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A DOENÇA MENTAL PELA MEDICINA CHINESA

A Medicina Chinesa, por questões culturais, tem por base um sistema a que chamam meridianos, por onde se diz, de forma algo filosófica, que circula a energia e onde se localizam pontos onde esta energia “emerge”.

 

A Medicina Chinesa, por questões culturais, tem por base um sistema a que chamam meridianos, por onde se diz, de forma algo filosófica, que circula a energia e onde se localizam pontos onde esta energia “emerge”. De facto, o corpo humano tem várias formas de energia que utiliza para que seja possível a sua função, nomeadamente a energia elétrica, que permite a comunicação entre neurónios, e é aqui que reside o fundamento e explicação científica da acupunctura: estímulo neurológico, além do efeito local! Os pontos de acupunctura, pela sua localização anatómica são mais irrigados ou situam-se sobre ramos nervosos importantes que, ao ser estimulados, provocam determinados efeitos de acção local, segmentar ou medular, extra-segmentar ou próprio-espinal ou ainda supra espinal ou central.

 

Pelos efeitos do seu estímulo, comuns a determinados órgãos, e pela localização sobre as mesmas estruturas nervosas (tendo consequentemente efeitos nos mesmos órgãos), foram atribuídos os meridianos a cada órgão e víscera.

Como exemplo de patologias e/ou sintomas associados a determinados órgãos pela sua características emocionais, temos:

  • Fígado – irritabilidade – HTA – Tonturas – AVC
  • Coração – Estado de nervosismo frequente (muito afectado pelo fígado) – emoções levadas ao limite – ansiedade – sensação de opressão torácica – angina – EAM
  • Baço – preocupações – hipocondria
  • Pulmão – tristeza – característica comum nos doentes com tuberculose, por exemplo
  • Rim – medo – incontinência (expressão: “fazer xixi de medo”)

Na base da Medicina Chinesa estão vários conceitos fundamentais, entre eles a dualidade Yin e Yang. No quadro da doença mental, podemos enquadrar as patologias neste conceito como maníacas ou depressivas (yang ou yin) que se caracterizam e distinguem pelas manifestações físicas e psíquicas:

  • Yang: mais exuberantes e explosivas, com histeria ou descontrolo emocional e/ou de movimentos – maníacas
  • Yin: mais “fechadas” com apatia, melancolia e isolamento social – depressivas.

 

Exemplos:

  • Maníaca / Yang: ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, esquizofrenia
  • Depressiva / Yin: depressão, hipocondria

Cientifica e neurofisiologicamente falando, a Acupuntura actua ao nível do eixo hipotalamico-hipofisário-suprarrenal dando “ordem” a estas estruturas para que seja originada a produção equilibrada dos neurotransmissores e hormonas.

A acupunctura exerce efeito de reaprendizagem fisiológica, tanto pelo facto de modificar padrões de conectividade neural, como por modular neurotransmissores essenciais para a potenciação de longa duração (dinorfina, por exemplo) interferindo no processo de memória.

Nas patologias que associamos a determinados órgãos, está alterada a produção destas substâncias, sendo que, os pontos atribuídos a cada órgão, vão actuar ao nível das substâncias que lhes dizem respeito.

Se, na depressão há características de determinado órgão, fisiologicamente isso corresponderá à falta de uma substância, como a serotonina, por exemplo. Assim, sabemos que os pontos que vão tratar aquele órgão, vão estimular a produção de serotonina. Além deste neurotransmissor, muitos outros vêm a sua produção estimulada ou inibida pela acupuntura, consoante os pontos escolhidos e as técnicas e  forma de estímulo dos mesmos, tais como:

  • Endorfinas
  • Encefalinas
  • Dinorfina
  • Opiódes endógenos
  • Adrenalina
  • Dopamina
  • Noradrenalina
  • Cortisol
  • Oxitocina

 

Além da Acupuntura, a Medicina Chinesa recorre às outras disciplinas que a compõem para encontrar o equilíbrio do corpo e mente, nomeadamente com recurso a fitoterapia, moxabustão, tuiná e qigong.

 

Paula Gradim

Especialista de Medicina Chinesa

CP: C-006403