A Terapia da Fala não é só Fala, no entanto, também é! Apesar de ser uma área bem conhecida de Terapia da Fala, ainda prevalecem bastantes dúvidas. “O meu filho fala bem?” “Eu acho que fala mal, mas toda a gente me diz que vai passar.” “Não diz o l.” “Troca o c por t.” “O pai também falava assim.” “É sopinha de massa.” “Percebo tudo o que ele diz, por isso está tudo bem.” E as outras pessoas, que não estão diariamente com a criança, compreendem?
As alterações na produção verbal de uma criança podem dever-se a dificuldades na fala (ao nível motor), na fonologia (linguagem) ou em ambas.
“A fala é a forma mais comum de usar linguagem” (Peter Ladefoged, 2001). É o ato motor que se inicia quando o ar é expirado até chegar à cavidade oral onde se realiza a articulação verbal que consiste na produção oral dos sons (vogais ou consoantes) através da coordenação de movimentos dos vários órgãos fonoarticulatórios (língua, lábios, mandíbula, bochechas, rebordo alveolar, dentes e palato duro).
Para uma articulação correta dos sons é fundamental que as estruturas e os músculos orofaciais estejam sadios (saudáveis). Alterações neurológicas (como os Acidentes Vasculares Cerebrais ou os Traumatismos Crânio-Encefálicos), estruturais ou imaturidade dos músculos orofaciais são algumas das causas de alterações na articulação.
Por outro lado, no que diz respeito à fonologia, é necessário que as crianças tenham consciência dos sons/fonemas e que percebam como estão organizados para formar uma sílaba ou uma palavra. Estas competências vão sendo adquiridas inconscientemente ao longo do desenvolvimento e quando estas não estão consistentes ou estão “desorganizadas”, podem surgir dificuldades na produção verbal.
Todas as dificuldades da produção dos sons têm um impacto muito grande na vida de uma pessoa, interferindo no rendimento escolar, laboral ou na comunicação. Por essa razão, é importante estar muito atento à produção verbal das crianças.
Desta forma, vamos ver que sons/fonemas deveriam já estar adquiridos em cada idade, segundo Mendes, Afonso, Lousada e Andrade (2013).
Entre os 3 anos e os 3 anos e 6 meses: p, t, k, b, d, g, f, s, ʃ (“ch”), v, m, n, ɲ (“nh”) e R.
Entre os 3 anos e 6 meses e os 4 anos: l, ʎ (“lh”) e ʃ (“ch”) em posição final de sílaba (ex. pasta).
Entre os 4 anos e os 4 anos e 6 meses: z, ʒ (“j”) e ɾ (pêra).
Entre os 4 anos e 6 meses e os 5 anos: ɾ em posição final de sílaba (corda).
Entre os 5 anos e os 5 anos e 6 meses: l em posição final de sílaba (ex. sol).
Fica também a nota importante de que aos 4 anos o discurso tem de ser compreendido por pessoas não familiares, ou seja, que não estão diariamente com a criança.
Se tem dúvidas, contacte um Terapeuta da Fala. A intervenção atempada, faz toda a diferença!
O Terapeuta da Fala pode fazer a diferença!
Ana Carina Santos
Terapeuta da Fala
CP- C-057632170